Equipes psicologicamente seguras e felizes são mais produtivas. Gente triste procrastina!

Equipes psicologicamente seguras e felizes são mais produtivas. Gente triste procrastina

Ligia Costa

Liderar dá trabalho. E, cada dia mais, exige de nós novos comportamentos e atitudes.

Como manter equipes psicologicamente seguras se temos que atingir metas? Como ser gentil se minha equipe só funciona sob pressāo? Como fazer uma coisa por vez se você pode ser multitarefa? Como liderar com humanidade e buscar equilíbrio pessoal e profissional?

Eu também, sempre achei que essas perguntas quase impossíveis de serem respondidas, mas, vou me arriscar a quebrar paradigmas e trazer elementos reflexivos para fazer você acreditar que equipes psicologicamente seguras e felizes são mais produtivas e que gente triste procrastina e intoxica o ambiente.

Existe um novo formato de liderança, a iniciar pela desconstrução dos seus vieses inconscientes, suas crenças enraizadas que tornam as “verdades” absolutas e a mentalidade fixa e limitada ao aprendizado. Topa?

Tradicionalmente, nossas escolas de líderes foram pautadas pelo conflito e pelo exercício brutal de poder. Muitas continuam sendo.

Um modelo antigo, focado na competição e na sobrevivência, sem visão de longo prazo e fechado à colaboração. A tecnologia chegou, as informações estão descentralizadas, o indivíduo evoluiu, a globalização, home office, trabalhos híbridos, fuso horários e um contexto complexo e incerto faz parte do nosso cotidiano. 

Líderes nāo conseguem mais controlar carga horárias e enxergar se o seu funcionário vai bater o ponto.

Líderes precisam confiar e delegar, acreditar em si, terem segurança e autoestima para apenas inspirar e ser exemplo, ter discernimento, visāo estratégica e seguir o fluxo orgânico de uma gestão pautada em escuta, empatia e colaboração.

Por muitos anos, você acreditou que, quanto maior a produtividade do trabalhador, maior o reconhecimento, sem a necessidade de equilibrar vida pessoal e profissional.

Você mesmo aprendeu a trocar o seu tempo por dinheiro e poder, mas, neste exato momento, se vê exausto. Já entendeu que não é assim que você e o seu time vão prosperar.

Definitivamente, ser multitarefa e querer fazer tudo ao mesmo tempo não é sinônimo de produtividade.

Conforme o doutor em Psicologia Jim Taylor publicou em seus estudos, podemos chegar a 40% de ineficiência ao tentar fazer tarefas simultaneamente. A configuração do ser humano não é essa, nosso cérebro precisa se acostumar com uma atividade para aí passarmos para outra sem perder a eficiência.

O que fazer? Aprenda a focar, pause, respire e insira pequenos momentos de atenção plena e meditação ao longo do seu dia para que você se sinta mais concentrado e minimize as distrações.

Seguindo com os questionamentos, trago a pergunta:

Como manter equipes psicologicamente seguras se temos que atingir metas? Como ser gentil se minha equipe só funciona sob pressāo?

Pesquisas comprovam que as pessoas estão mentalmente perturbadas e cumprindo seus afazeres sem foco. Abrir diversas telas do computador e ter notificações o tempo todo no celular não colaboram com o bom desempenho das atividades. Estamos falando de jornadas excessivas sem foco e sem clareza de objetivos.

Gente desequilibrada e infeliz procrastina, adoece e o pior, contamina o entorno da sua equipe.

Segundo Daniel Goleman, reconhecido como o “pai da inteligência emocional”, existe um fenômeno no nosso cérebro que se chama “Brain Tango”, ou seja o tango do cérebro que reflete e repete de maneira inconsciente o que acontece com o outro.

Basicamente, nossos neurônios espelhos refletem e repetem com facilidade do comportamento do outro, ou seja, em linguagem popular: “uma laranja podre pode apodrecer o cesto todo”. Desculpe a grosseria, mas a expressão coloquial é para transformar estudos da neurociência relacionados a empatia fáceis de compreensão.

Trazendo alguns exemplos para que você reconheça o fenômeno:

em uma maternidade, quando um bebê chora, outros começam a chorar;

em um jogo de cartas, ou esporte, quando um dos jogadores age de má fé, ativa a revanche no outro;

O mesmo no ambiente corporativo, em relações conflituosas, comunicações obscuras e atitudes não éticas.

Imagine que você escondeu a informação do seu par para ter privilégios, cuidado, você pode ter ativado a amigdala cerebral, a parte  do sistema límbico nervoso central do nosso cérebro, aguarde que terá troco, mesmo que inconsciente.

A Amigdala, é o nosso “cérebro emocional”, é a parte mais primitiva do sistema nervoso que regula as emoções e reage de maneira reativa, impulsiva a estímulos para sua própria proteção.

Chegou a hora de abrir os olhos para a liderança compassiva, amorosa, focada na empatia, na consciência, no respeito.

Um modo humanizado de conduzir equipes e que, ainda por cima, é mais lucrativo e sustentável. Isso porque, tenha certeza, equipes psicologicamente seguras são mais produtivas. Sim, você terá que sair do piloto automático.

Diante do caos, a psicologia positiva vem trazendo uma nova abordagem e o professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, o psicólogo, pesquisador e escritor Martin Seligman explica, no livro Felicidade autêntica, que a felicidade se sustenta na conexão de cada pessoa com a sua própria alma e não em outras fontes, como o dinheiro e a projeção social, por exemplo.

O líder precisa ser, a meu ver, como um alquimista.

Diferentemente dos gestores do passado, agora é importante descentralizar o poder, o controle e o conhecimento, saber navegar na ambiguidade e na adversidade, estar conectado em rede com os seus pares, compartilhar informações.

Tudo isso e mais:

  • ter criatividade, flexibilidade, coragem.
  • Ser inclusivo.
  • Ter empatia, abertura ao diálogo e escuta.
  • Estimular o engajamento e ser capaz de identificar oportunidades.

O bom uso dessas habilidades resulta na formação de times seguros, o que faz toda a diferença.

Equipes psicologicamente seguras e felizes são mais produtivas. Gente triste procrastina!

Pesquisa realizada pelo Google com 180 equipes ao redor do mundo avaliou o que os grupos de alta performance tinham em comum. A iniciativa foi chamada de Projeto Aristóteles, numa referência ao filósofo grego de mesmo nome.

A surpresa foi comprovar que não necessariamente os mais capacitados ou tecnicamente superiores na ordem hierárquica são capazes de formar times com desempenho excelente. A maneira como a equipe interage foi apontada como o grande fator de sucesso.

Por esse motivo, a segurança psicológica foi o principal critério observado nos grupos que apresentam performances melhores que os outros, junto com os demais pontos em destaque a seguir:

    • Segurança psicológica. É quando os profissionais se sentem livres para apresentar livremente as suas ideias, quando sabem que serão ouvidos sem julgamentos e repreensões, com a liberdade de testar e inovar.
    • Confiabilidade. A capacidade de confiar e de pedir ajuda, com a certeza de que um trabalho de alta qualidade será realizado no tempo estipulado.
    • Estrutura e clareza. É quando as pessoas sabem o que precisam fazer, têm uma noção clara das suas atribuições.
    • Significado do trabalho. Compreensão do impacto da contribuição de cada um, principalmente com relação ao sentido do que é feito.
    • Impacto do trabalho. Envolve a crença dos colaboradores no trabalho mesmo, com o entendimento de estar fazendo, de algum modo, a diferença na vida das pessoas.

Gostou dos resultados? Em caso afirmativo, leve os pontos acima para o cotidiano do seu time, trazendo, você mesmo, a mudança para dentro da empresa em que trabalha. 

Ainda sobre segurança psicológica, a professora da Harvard Business School Amy Edmondson destaca que identificamos essa base em uma equipe quando os indivíduos são respeitados do jeito que eles são, quando os colaboradores podem ser eles mesmos.

Assim, é possível promover a segurança psicológica quando gerenciamos três aspectos: erros são permitidos, todos erram e somos aprendizes. Vejamos mais detalhadamente esses conceitos:

    • Erros são permitidos. Consentir que todos cometam erros e aprendam com eles é o fundamento básico da segurança psicológica. É se permitir testes, adaptação, com o entendimento de que o trabalho nunca estará pronto e que sempre existirá uma oportunidade de melhora.
    • Todos erram. Em segundo lugar, os integrantes da equipe precisam reconhecer que todos são passíveis ao erro. É ter um olhar mais humano, compreendendo que todos, independentemente de quem seja, podem falhar.
    • Somos aprendizes. Em terceiro lugar, isso implica entender que a equipe não sabe tudo. Portanto, cada pessoa precisa manter um alto grau de curiosidade e estabelecer um ambiente propício a todo tipo de pergunta, mesmo as que parecem banais em um primeiro momento.

O futuro do trabalho privilegia aqueles que trabalham para aprender e não os que aprendem para trabalhar. Os líderes precisam ser flexíveis para se atualizar e responder às demandas do momento.

Uma vez que as equipes e os gestores cultivem as bases para a segurança psicológica, ela irá se manifestar por meio de quatro aspectos no dia-a-dia de uma organização. São eles: segurança para se expressar, para interagir, para aprender e para pertencer.

Mostre aos seus colaboradores o valor que há neles mesmos e no trabalho que eles realizam, ajude-os a se encontrarem, de verdade, em suas atividades profissionais, a terem orgulho de si mesmos, independentemente do cargo que ocupem. E isso com a segurança de que são aceitos, valorizados. Acima de tudo, respeitados, compreendidos e livres para fazerem o seu melhor.

É assim, num contexto de segurança psicológica, que o seu time vai trabalhar com real empenho e eficiência. Ao focar na compaixão, na empatia e na felicidade, você há de atrair os melhores talentos, obtendo os melhores resultados. Com propósito, tudo há de fluir melhor.

A seguir, algumas dicas práticas de como promover a segurança psicológica do seu time:

  • Saiba ouvir, reserve um tempo da sua jornada para isso;
  • Estimule a reflexão, mostre, sempre que possível, o sentido que há no trabalho realizado; 
  • Seja empático, sempre;
  • Não julgue ninguém previamente. Converse, ouça, entenda os contextos;
  • Abra espaço para a inovação, para o fazer diferente, para a criatividade. Mesmo que isso envolva riscos.

Escolha liderar com o coração. Que a nossa força seja o amor!

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Sou Ligia Costa, palestrante especialista em mindfulness e inteligência emocional para promoção da saúde mental e
bem-estar.
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Neste livro, compartilho lições valiosas que aprendi ao longo de minha carreira e de minha jornada de autoconhecimento.